terça-feira, 1 de maio de 2018

Dia das Trabalhadoras e dos Trabalhadores!




Neste dia de refletir sobre o trabalho, para as mulheres é data de constatações negativas e de arregaçar as mangas para avançar nas conquistas.
Se os direitos de todos estão sob ameaça e as perdas são inevitáveis – para as mulheres elas são conjunturais e estruturais. Ou seja, perdemos sempre duas vezes, pois a sociedade já está em débito conosco.
As mulheres não usufruem das mesmas condições que os homens tanto no rendimento de seu trabalho como na formalização e na disponibilidade de horas para trabalhar.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD C) é retrato triste da necessidade do feminismo como instrumento de luta por direitos iguais. Que ainda há muito a conquistar na direção da igualdade de gênero no mercado de trabalho. Os números são apresentados sem muita problematização. Mas é sempre importante fazê-lo.
Em 2017, dos 40,2 milhões de trabalhadoras, 24,3% haviam completado o ensino superior. Já os homens ocupados a proporção era de 14,6%. Ainda assim, é desalentador constatar que as mulheres que trabalham recebem rendimentos 24,4% menores que os dos homens em média.
Nesta fração de segmento uma realidade cínica. As mulheres são praticamente a metade dos empregadores – mesmo mais bem formadas e qualificadas – 6% para 3,5¨%. Contudo, tem percentual mais que duas vezes quando se trata do famigerado trabalhador familiar auxiliar não remunerado. As famosas tarefas domésticas. Os homens são 1,5% enquanto as mulheres são 3,6%. Dito de outra forma, entre homens e mulheres bem formados, as mulheres trabalham duas vezes mais em casa, enquanto os homens e demais membros da família coçam... o pé.
Em 2017, as mulheres destinaram 73% mais de tempo (18 horas semanais) a cuidados de pessoas ou afazeres domésticos. Os homens dedicaram 10,5 horas.

Essa ainda é uma das características estruturais que pesam contra a emancipação feminina e ocupação de melhores posições no mercado de trabalho, na economia, na política. Enquanto os homens estão buscando desenvolver suas habilidades e potencialidades para toda uma diversidade de atividades – as mulheres são obrigadas pela cultura machista e patriarcal a dedicar a organização da casa ou ao almoço da família ou do “mô”, dos filhos e filhas que o pai não se compromete com os cuidados, ou ainda com os filhos e filhas que o pai abandonou.

Diante disso, muitas mulheres procuram inclusive ocupações em tempo parcial, comprometendo sua independência financeira e seu pleno desenvolvimento. Fortalecendo a subjugação. A pesquisa também traz dados desalentadores disso. Quantas professoras e operadoras de telemarqueting tem metade de seu tempo ocupado pelo trabalho familiar não remunerado e sub valorizado? É preciso problematizar os dados mais que mostrar seus índices com a frieza descontextualizada da estatística.
Então, entramos na estatística como a maioria dos trabalhadores subocupados pessoas que trabalham menos de 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar mais. São cerca de 54% dos 6,46 milhões de trabalhadores subocupados.
O que os dados não dizem, que é que isso reflete uma dinâmica cultural que subordina as mulheres desde a introdução da primeira bonequinha no seu quadro de brinquedos nos primeiros segundos de vida.
Que culturalmente as mulheres são criadas, formadas e moldadas para ocupar posições de trabalho que valem menos no mercado de trabalho.
Que são expostas a fadiga da dupla ou tripla jornada trabalhando, estudando, criando filhos e filhas;
Que são expostas a forte carga mental pela gestão do ambiente familiar e doméstico como se sua obrigação fosse;
Que são treinadas para uma trajetória de cuidado com a vida, com a família, de corpos e falas dóceis;
O trabalho mal remunerado não é menos injusto do os esquemas sutis de dominação e desconstrução das mulheres no ambiente corporativo.
O dia das trabalhadoras e dos trabalhadores é momento de lembrar que já estamos muito tempo sob esse jugo. Que é hora de lutar por nenhum direito a menos, e nenhum direito a menos que os deles. Igualdade!


sábado, 14 de abril de 2018

Pará de Sangue: violência é sintoma, não doença






A segurança no Pará vive tempos duríssimos, mas a situação atual não é recente e urge que um novo pacto pela vida seja construído com a participação de todos os entes da federação e da sociedade civil. A demagogia e a proliferação da idéia de que "bandido bom é bandido morto" engana as pessoas e usa o sentimento de insegurança como cortina de fumaça. É fácil transferir  e esconder o problema. 

A ESCALADA DA VIOLÊNCIA

Os índices de homicídios são maiores que em São Paulo. Em 2017, o Pará teve 279 homicídios a mais que São Paulo, mesmo com uma população 4 vezes menor. Naquele estado ocorreram 3.503 homicídios (população de 45.094.866) e o Pará 3.782 (população de 8.366.628) um cenário grave e que se torna cada vez mais preocupante. A violência cotidiana interiorizou-se no território e impacta todos os 144 municípios desde a capital até cidades pequenas como Mocajuba que vive sob violência aguda  ou municípios médios como Altamira que lidera a relação dos municípios mais violentos do país e mortes violentas por causa indeterminada.


No ano passado, foram 4.416 mortes violentas com a média diária de 12 mortes. Desde total, são 3.782 homicídios, ainda são registrados 215 latrocínios, 34 lesões corporais seguidas de morte e 385 mortes por intervenção policial. Todos os estudos são unânimes: a polícia que mais mata é a que mais morre. E o Pará é o segundo Estado que mais mata policiais no país.




O ano de 2018 revelou o descontrole da questão e janeiro trouxe números assustadores. Foram 434 mortes violentas, sendo 370 homicídios (130 na Região Metropolitana de Belém e 240 no interior), 14 latrocínios, uma lesão corporal seguida de morte e surpreendentes 49 mortes por intervenção policial assumindo o posto de segunda polícia que mais mata no país.


As chacinas de Abril
No último dia 09 de Abril, a região metropolitana passa a viver “tempos de guerra” e recoloca a necessidade de recolocar a segurança como questão estratégica e transversal para a construção de um cenário onde a vida não esteja em constante risco nas esquinas paraenses.



Desde a morte do Cabo Ernani Rogério Silva da Costa, de 32 anos, que foi assassinado a tiros, no Bairro 40 Horas, em Ananindeua, na noite de domingo, 09/04 e da morte do o cabo da PM, Ivaldo Nunes da Silva, 49 anos, no final da manhã de segunda, na Sacramenta em Belém – uma escala de violência desencadeou-se na região metropolitana.  Neste dia, foram 11 mortos com características de execução até ás 19 horas. A cidade de Ananindeua tornou-se palco da guerra com quatro mortos no Distrito Industrial, dois (2) no bairro 40 Horas e mais um (1) no bairro do Icuí-Guajará. Na capital, atônita, quatro execuções espalharam o terror no Satélite, Tapanã, no Ariri Bolonha e na Cremação.


A instalação do gabinete de crise pelo governo do Pará liderado pelo Secretário Estado de Segurança Pública e Defesa Social, delegado Luiz Fernandes Rocha, foi o reconhecimento de que a situação é gravíssima. 


O envolvimento dos comandos de policiamento civil e militar, comando de missões Especiais, Batalhão de Choque; Companhia Independente de Operações Especiais; Ronda Ostensiva Tática Metropolitana, o Regimento de Polícia Montada e Guarnições em 17 viaturas e 12 motocicletas não impediu que durante o dia 11 mais execuções três fossem realizadas. No dia seguinte a escala continuou. Desta vez, as mulheres também figuram dentre os executados.


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Complexo Penitenciário de Americano
foto: reprodução



















O que se seguiu foi o coroamento trágico do cenário de caos com a tentativa de resgate ou fuga no Complexo Penitenciário de Americano em Santa Izabel (PA) que teve como resultado: 21 internos mortos; 15 presos feridos, 05 agentes penitenciários feridos e um morto. Nenhum invasor foi preso. A Comissão Nacional de Direitos Humanos investiga o evento e a Sindicato dos Agentes Penitenciários informa condições de trabalho precárias.






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Internos do sistema penal mortos ao lado de uma "guarita de segurança" improvisada e insegura
reprodução


As caçadas mútuas não pararam.

A guerra seguiu-se nas ruas com ataques a unidades (sucateadas) da polícia militar na Cremação e Tenoné. E logo, mais 11 mortes em diferentes bairros. Na era do Whatsapp, as narrativas dos envolvidos dos dois lados informa uma guerra entre crime organizado com presença do Comando Vermelho, das milícias que tornaram o “carro prata uma anedota popular” (Veja o vídeo), o tráfico clássico e o Estado representado pelas polícias.




No meio do caminho a sociedade. Todas as classes, raças, gêneros, idade.

Os áudios exaustivos revelam de ações encadeadas de revide e disputa de poder. Morre um policial, na sequência morrem banidos, mais policiais, mais bandidos. No meio do caminho quem estava do lado de fora disso. 

Uma guerra onde todos perdem. 


Box da PM atacado 

E, mais grave, esconde dos cidadãos e cidadãs comuns o real problema da segurança pública e suas causas associadas. Para piorar o quadro, ainda temos parlamentares federais demagogos  inflamando ao discurso do ódio e levantando cortina de fumaça sobre o problema para angariar votos. 



Se não bastasse o clima de insegurança total na região metropolitana e as mães berrando nas portas dos presídios buscando informações sobre seus filhos mortos, as unidades da polícia militar sofrem novos atentados no bairro do Jurunas resultando no ferimento de policiais. Diante disso, o ministro da defesa ofereceu apoio da guarda nacional diante da reverberação de deputados do Pará pela intervenção federal.

O governo do Pará rechaçou a ajuda. Mas destacou a necessidade de implementação de ações pela União para ajudar na questão: desde o fortalecimento de postos da polícia federal até a  implementação efetiva de um Fundo Nacional de Segurança Pública e ainda aprovação no Congresso Nacional, do PLS 90/2007, que proíbe cortes orçamentários e limitação de despesa da União para a área da segurança.




A segurança pública no Pará urge que os diferentes setores de governo unam-se na busca de soluções de imediato e longo prazo. Essa coisa do antagonismo entre bandido e polícia e a popularização da idéia "bandido bom é bandido morto" brinca com sentimento de injustiça e insegurança plantado na percepção das pessoas. 


Todas as instituições que cuidam da segurança pública estadual precisam de atenção desde o Centro de Perícias Científicas Renato Chaves, que recebe os corpos, passando pelo Corpo de Bombeiros Militar do Pará. Do Departamento de Trânsito do Estado do Pará ao Fundo de Investimento de Segurança Pública invisibilizado. 


A tão mal cuidada Polícia Civil que teve efetivo reduzido ao longo dos anos e não conta com instrumentos para a inteligência amargando péssimos índices de resolução de casos. 

A polícia Militar do Pará que apesar de representar o maior custo da segurança pública, carece de tudo: desde o aparelhamento técnico até a melhor remuneração e apoio aos policiais. E por fim, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social que tem como atribuição capitanear a integração com outras políticas como as educacionais e culturais estaduais. E tem também integra a Superintendência do Sistema Penal (SUSIPE) que passa por grave precarização, redução de projetos sociais e superlotação invertendo sua função original. São 6.055 presos provisórios dos 17.150 totais. É muita gente presa sem sentença. Muita gente em poucas vagas dada a superlotação. Existem investimentos, ações, obras etc. Mas em descompasso com os problemas.



DESAFIO DE TODAS OS ENTES DA FEDERAÇÃO

A segurança é tema transversal e multi-escalar. O sistema de justiça não dispõe de condições para operar e na maioria dos municípios paraenses não há defensor público o que resulta em índices vergonhosos de presos não julgados impactando o sistema carcerário.
Muita gente presa sem julgamento.
Muitos crimes sem solução, muita gente sem defesa.
Cadeias superlotadas e desumanas tornando-se terreno fértil para o crime organizado.


A despeito da atribuição da segurança recair sobre o Estado, a União precisa rever sua posição sobre o tema e sobre o repasse de recursos tão concentrados – ou será chamada a intervir já sabendo que vai falhar. E todos os entes federativos devem trabalhar em conjunto desde os municípios até o governo federal.


Imediatamente, um novo pacto deve ser liderado pelo governo Simão Jatene (PSDB) para encontrar caminhos firmes e seguros para superação dessa crise.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

O DIA MUNDIAL DO JOVEM



Infelizmente, não há o clamor das outras datas comemorativas. A nossa Constituição assegura que o jovem tenha plenas condições de desenvolvimento e para encontrar seu caminho. Contudo, nem a sociedade está cuidando bem dos jovens e muito menos a política. Como resultado, todos sofrem as consequências disso pois é o descuido com eles que gera  a violência na qual estamos imersos. 


O artigo 227 da Constituição Federal diz que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade:
O direito à vida;
À saúde;
À alimentação;
À educação;
Ao lazer;
À profissionalização;
À cultura;
À dignidade;
Ao respeito;
À liberdade e à convivência familiar e comunitária;
Além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Estamos falhando gravemente com tudo isso.


E estamos fracassando na questão mais fundamental que todas que é a Educação Básica e a Cultura. Como resultado disso, registra-se nos relatórios oficiais em uma certa juventude perdida, visto que há de uma lado, “perda de vidas humanas e do outro lado a falta de oportunidades educacionais e laborais que condenam os jovens a uma vida de restrição material e de anomia social, que terminam por impulsionar a criminalidade violenta (Ipea)”. Essa é a realidade dos fatos.

Em 2005, foram jovens 1.082 mortos pela violência paraense. Em 2015, foram 2.378. Um incremento de quase 80%.
Em 2018, serão quantos?
3.000?

Nessa guerra contra a juventude que estamos travando, o jovem preto, pardo e pobre chega também chega a aproximados 80% do conjunto.
As mulheres são minoria absoluta nas mortes violentas no país. Entretanto, estão enterrando seus filhos, ou ficando com os órfãos sozinhas, como mãe ou como avó. Se elas não morrem, recai sobre elas o peso da dor, da dupla e tripla jornada para segurar a chefia dos lares. Nesse pandemônio, as mulheres jovens são obrigadas a segurar o bastão da vida pós-morte do companheiro ou marido ou pai do filho ou filha.


O homem jovem encara a morte. 
As mulheres jovens são encurraladas pelo sistema de patriarcado, pela maternidade precoce, não raro, sozinhas, visto que os homens são treinados para o abandono “das crias”;

Que nação é essa?
As mulheres jovens, são atropeladas pela violência dos parceiros que caminham na linha cínica da briga de casal para banalizar a violência contra as mulheres; 
Em 2015, a cada 11 minutos uma mulher foi violentada, oficialmente. Mas esse dado pode ser uma por minuto, já que apenas 10% dos casos são registrados. Mais de 70% desdes casos, crianças e adolescentes., e grande parte dos casos ocorre na ESCOLA. Outros em casa, no "abrigo" abusivo do patriarcado. 

Que país é esse?

As mulheres jovens, são sacrificadas pela gravíssima diferença salarial ao ingressar no mercado de mercado de trabalho.
Se uma mulher adulta enfrenta dificuldades para inserção no mercado de trabalho, as mais novas enfrentam muito mais. A objetificação seleciona as moças padrão para algumas funções e subjuga outras. 
Se a mulher é negra e ou “pobre” terá que encarar toda sorte de subalternização para ter sua própria renda. Por isso muitas mulheres tornam-se vendedoras, ou buscam o empreendedorismo de baixo capital inicial. E muitas são encurraladas a vida matrimonial como único abrigo.

Que planeta é esse?

A escola é ruim para os meninos e para as meninas. Mas são as meninas que ao engravidar precisam deixá-la. Mesmo que momentaneamente. Estamos falhando como civilização e vitimando a vida. E como já dito, na escola as meninas são rotineiramente abusadas. Sim, pois os homens criam seus filhos machos para olhar as mulheres como objetos e desde mais tenra idade forjam personalidades irresponsáveis com o sexo e abusivas para as mulheres.

Que Estado é esse?

Enquanto se comemora o Dia dos Jovens, Belém (PA) está imersa em sangue e adivinhem quem mais está morrendo nessa guerra?
Os jovens.
E quem está ficando com os filhos?
As mulheres jovens ou as avós. Não entendo bem ainda porque homens pensam que crianças são objetos descartáveis. Mas sei que tem relação com a formação familiar e com as bonequinhas que só enfiam nas mãos das meninas antes mesmo que elas respirem direito.
Os meninos aos 12 anos são incentivados ao sexo e esquecem de dizer-lhes que tem que criar o rebento, atualmente, até os 30 anos. E com isso vitimamos nossas mulheres jovens. Muitas, ao encontrar outro parceiro, é obrigada a deixar o filho para traz, pois o machismo é solidário com os homens. Mas não para criar seus filhos abandonados. Quantas crianças são deixadas com as avós?
 Quantas?
 São tantas.
 Quantas dessas ficam na esquina sem pai e nem mãe enquanto o tráfico, a marginalidade, a milícia estão em busca de novos soldados?
O Estado está desmoralizado.
 A política está desmoralizada.
Mas nós como civilização também estamos.
A política do cotidiano precisa ser reinventada.
A política institucional também. Ou a gente a ocupa ou ela continua como está.
Não estamos tratando bem os jovens, contudo, neles reside nossa esperança de transgressão e de mudança no mecanismo. E eles podem fazer a operação lava voto e tirar todos os velhos donos do poder.


Colaboração: Juliet Mattos (Acre\SP)

quinta-feira, 12 de abril de 2018

Novo governador de São Paulo, chega com Pé na Porta. Márcio França diz em sua primeira fala sobre segurança pública que a Polícia Militar não precisa, necessariamente, atender a tantos chamados de 'briga de casal'.!




Compartilho com vocês a campanha da rede Minha Sampa que organiza protesto contra o governador pela declaração machista que inventiva a violência contra mulher e a impunidade associada. Passa no site e contribuo para a construção de relações mais igualitárias.
Isso é feminicídio!

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segunda-feira, 2 de abril de 2018

Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo foca em meninas e mulheres

O Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo é celebrado todo dia 2 de abril Unicef/ONU
[do site Ebc]

As Nações Unidas celebram neste 2 de abril o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo sob o lema “Capacitando mulheres e meninas com autismo”. O secretário-geral da ONU, António Guterres, aproveitou a data para lembrar a reafirmação do “compromisso de promover a plena participação de todas as pessoas com autismo na sociedade e garantir o apoio necessário para que estas possam exercer seus direitos e liberdades fundamentais”.
As comemorações do Dia Mundial da Conscientização do Autismo também querem envolver mulheres e meninas com as organizações que as representam na formulação de políticas e decisões para abordar os desafios que elas enfrentam. A Assembleia Geral da ONU realiza uma série de eventos sobre a data na próxima quarta-feira (4), como debates com especialistas e ativistas para discutir questões específicas de mulheres e meninas com autismo.

Veja mais no link aqui.

CPI da Mineração no Pará dá prosseguimento aos trabalhos de investigação.




Barcarena - Contaminação por rejeitos de mineração
foto: g1








CPI da Mineração no Pará dá prosseguimento aos trabalhos de investigação da atividade mineradora em toda a bacia do rio Pará. 

No último dia 23 de Março, a  Assembléia Legislativa do Pará (ALEPA) instalou a CPI da HYDRO ALUNORTE devido à contaminação comprovada dos rios e do ambiente de madeira geral que atinge centenas de famílias diretamente e o município como um todo – tanto no campo ambiental, quanto social, econômico e ético.

É muito importante destacar que essa CPI resulta de um longo processo abuso no território barcarenense.

Há anos a UFPA investiga a contaminação da água e das pessoas com resultados positivos alarmantes. 

Todos calaram.

A população denunciou os vazamentos de rejeitos por muitas vezes.

Todos calaram.
A  mineradora negou.
Todos calaram. 
As fiscalizações da Secretaria de Meio Ambiente do Pará e do município nada identificaram.
Todos calaram
Os vereadores de Barcarena (PA) calaram.
Os padres calaram.
Os pastores calaram.

A natureza gritava todos os dias.
Até que as pessoas começaram a chorar também.
Pela água, pelo rio contaminado, pelo banho que gerava coceira, pela sede que foi transformada em risco de morte. 



a paisagem vermelha da Hydro
foto: Márcia Carvalho.

Finalmente, depois de banhar a cidade com lama vermelha - um laudo do Instituto Evandro Chagas constatou o vazamento de rejeitos e a presença de diversos metais pesados, inclusive de chumbo, nas águas e no corpo das pessoas.

A mineradora já tem histórico de crimes ambientais na região e nunca pagou indenizações às famílias afetadas.
Não é preciso dizer que, quase todos calaram.

Hoje, depois de todos os proclames e formalidades, a comissão passou a ter vida própria e autonomia para conduzir os trabalhos sob a presidência do deputado Neil Duarte e relatoria de Celso Sabino. 

O grupo deve ouvir vítimas, as comunidades afetadas, em seguida os institutos de pesquisa e as empresas. Além dos impactos devem ser avaliadas as concessões fiscais dadas à empresa que estão na casa dos bilhões.  Além disso, todos os empreendimentos instalados na bacia hidrográfica do rio Pará também serão investigados.

É bastante coisa. Um verdadeiro pente fino deve ser passo nos empreendimentos existentes na região.
A CPI tem sete membros e funcionará no período de até 90 dias, podendo ser prorrogada por mais 30.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Depois de mais de um século de existência Mocajuba (PA) institui o Dia da Consciência Negra!

Foto: Cerimônia de Instituição do Dia da Consciência Negra em Mocajuba
foto: reprodução facebook


OLHA QUE COISA MARAVILHOSA! 


ANO QUE VEM TEREMOS O FERIADO DO DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA EM MOCAJUBA (PA). 


Depois de mais de um século de existência e cultura profundamente racista, a  cidade de Mocajuba, passa a ter feriado para celebrar o  Dia da Consciência Negra.  



prefeita Fátima Braga (PMDB) sancionou nesta manhã desta segunda-feira (20), em sessão especial na Câmara de vereadores, o projeto de lei que institui o feriado.


 A partir de então temos muito a fazer para diminuir a dívida que os três séculos de escravidão e nossa forma de tratar nossa gente. 



A data homenageia o Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares que morreu em 20 de Novembro de 1695. 


A "Consciência Humana" - O Espelho e o Livro e a Conversa com os avós.

 
Imagem: ReproduçãoInternet





Uma das maiores vitórias do racismo é fazer o negro negar a si mesmo e aos seus tornar-se capitão do mato.



Em tempos de redes sociais os "capitãs digitais" atendem ao chamado da "Consciência Humana" - uma estratégia para diminuir o Dia da Consciência Negra.

Lembre-se: alisar os cabelos ou andar segurando a barra da saia dos que estão em posição de poder não faz ninguém branco.


Há um termo preconceituoso que pode ser lembrado para os racistas (e que muitas vezes não entendem que o são) que se embranqueceram: “passou de branco é preto". Uma expressão dita por muitos de nossos avós.


Você que propaga “Consciência Humana”, que é uma estratégia para diminuir a importância do Dia da “Consciência Negra”, passaria no crivo do racista que diz “passou de branco é preto”?

Olha lá. 
Veja bem!

Os defensores da tal "consciência humana", são os mesmos que negam nossa origem afro-ameríndia com um embranquecimento compulsório que nos torna sujeitos sem história ao final. Mas nas mesmas condições de desigualdade. 


Pardo, amarelo, marrom, jambo, canela... são termos comuns em nossa linguagem cotidiana  como ferramentas de “embranquecimento”. 


O pessoal da consciência humana pode esquecer a estrutura de poder onde está inserido e fazer coro a redução da importância da questão negra para diminuir a desigualdade no país. Mas seus "senhores" não.


Capitão do mato - morre capitão do mato.
Não se iludam.
Nesse sistema vocês serão apenas mais um capitão do mato digital.


Essa é uma ferramenta aliada das forças autoritárias que crescem no país e no mundo.


Não faça coro aquilo que te reduz.
Enxergue-se! Entenda quem você é.

Desde os primeiros navios negreiros que chegaram ao Brasil, esse povo da "Consciência Humana" já estava em cena - de chicote nas mãos, estuprando as mulheres, subjugando os homens.


Eu não tenho pedigree.
Minha origem dentre os subalternizados dificulta minha identificação genealógica. 
Mas sei que minha pele relativamente branca (meio verde, a bem da verdade) coloca-me no rol dos pardos, na classificação etnocêntrica do IBGE.


Eu rejeito esse rótulo.
Não sou nada, ainda me carimbam como parda?
Mas passaria por branca - se quisesse, e poderia alinhar-me as fileiras da "consciência humana".

Eu sou cabocla-amazônida nascida na Amazônia Tocantina no meio de constelação de quilombos – afro-ameríndia.


Alguns mocajubenses talvez pensem que apenas o Icatú, Uxizal ou Tambaí são quilombos em nossa região.


Ledo engano.
De Abaetetuba a Alcobaça (Tucuruí) para além das cidades ou dos barracões onde emergem os elos representantes das oligarquias, dizque notáveis - em todos os lugares, há reminiscência de quilombo. 


Importante, quilombos não são espaços de negros - são espaços de resistência aos sistemas dominantes onde estavam também negros, mas muitos soldados em degredo (muitos de origem indígena), mulheres fugindo da dominação masculina, estrangeiros como os judeus, fugindo de perseguições.



Ainda assim, é a negritude que se torna alvo das estruturas de dominação.
Mas você que não é "negro retinto" e alimenta essa cultura fascista travestida de humanismo da "Consciência Humana" pode usar esse dia para buscar sua ancestralidade. Ou para desenvolver a empatia por quem ficou mais de  300 anos sofrendo o jugo da escravização. E com os quais não conseguimos saldar tal dívida.



Outros precisam apenas olhar bem para o espelho e se perguntar porque raspou a cabeça e nas meninas qual o sentido do uso dos métodos  alisantes e da chapinha em sua cômoda e indagar sobre quem realmente você é.



"Máquinas zero" e chapinhas não mudam a história.
Mas você que enfileira-se na "Consciência Humana" pode buscar um entendimento melhor de quem você é e de onde veio.


Somos um país racista! 
Mocajuba é uma cidade muito racista.
Busque o espelho, os livros e a história oral.



Objetivamente, é assustador como as pessoas reproduzem estapafúrdia idéia de consciência humana como se estivessem contribuindo para a melhoria nas relações entre brancos e negros - e não raro, são pessoas que estão de boa fé e não se percebem usadas para a reprodução de um instrumento de diminuição da questão negra no país.


É um processo assustador!

(Por Carmen Américo, cabocla amazônida)


"Veja bem, meu amigo, a consciência é um orgão vital e não um acessório, como as amígdalas e as adenóides."(Martin Amis)

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