sexta-feira, 13 de abril de 2018

O DIA MUNDIAL DO JOVEM



Infelizmente, não há o clamor das outras datas comemorativas. A nossa Constituição assegura que o jovem tenha plenas condições de desenvolvimento e para encontrar seu caminho. Contudo, nem a sociedade está cuidando bem dos jovens e muito menos a política. Como resultado, todos sofrem as consequências disso pois é o descuido com eles que gera  a violência na qual estamos imersos. 


O artigo 227 da Constituição Federal diz que é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade:
O direito à vida;
À saúde;
À alimentação;
À educação;
Ao lazer;
À profissionalização;
À cultura;
À dignidade;
Ao respeito;
À liberdade e à convivência familiar e comunitária;
Além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

Estamos falhando gravemente com tudo isso.


E estamos fracassando na questão mais fundamental que todas que é a Educação Básica e a Cultura. Como resultado disso, registra-se nos relatórios oficiais em uma certa juventude perdida, visto que há de uma lado, “perda de vidas humanas e do outro lado a falta de oportunidades educacionais e laborais que condenam os jovens a uma vida de restrição material e de anomia social, que terminam por impulsionar a criminalidade violenta (Ipea)”. Essa é a realidade dos fatos.

Em 2005, foram jovens 1.082 mortos pela violência paraense. Em 2015, foram 2.378. Um incremento de quase 80%.
Em 2018, serão quantos?
3.000?

Nessa guerra contra a juventude que estamos travando, o jovem preto, pardo e pobre chega também chega a aproximados 80% do conjunto.
As mulheres são minoria absoluta nas mortes violentas no país. Entretanto, estão enterrando seus filhos, ou ficando com os órfãos sozinhas, como mãe ou como avó. Se elas não morrem, recai sobre elas o peso da dor, da dupla e tripla jornada para segurar a chefia dos lares. Nesse pandemônio, as mulheres jovens são obrigadas a segurar o bastão da vida pós-morte do companheiro ou marido ou pai do filho ou filha.


O homem jovem encara a morte. 
As mulheres jovens são encurraladas pelo sistema de patriarcado, pela maternidade precoce, não raro, sozinhas, visto que os homens são treinados para o abandono “das crias”;

Que nação é essa?
As mulheres jovens, são atropeladas pela violência dos parceiros que caminham na linha cínica da briga de casal para banalizar a violência contra as mulheres; 
Em 2015, a cada 11 minutos uma mulher foi violentada, oficialmente. Mas esse dado pode ser uma por minuto, já que apenas 10% dos casos são registrados. Mais de 70% desdes casos, crianças e adolescentes., e grande parte dos casos ocorre na ESCOLA. Outros em casa, no "abrigo" abusivo do patriarcado. 

Que país é esse?

As mulheres jovens, são sacrificadas pela gravíssima diferença salarial ao ingressar no mercado de mercado de trabalho.
Se uma mulher adulta enfrenta dificuldades para inserção no mercado de trabalho, as mais novas enfrentam muito mais. A objetificação seleciona as moças padrão para algumas funções e subjuga outras. 
Se a mulher é negra e ou “pobre” terá que encarar toda sorte de subalternização para ter sua própria renda. Por isso muitas mulheres tornam-se vendedoras, ou buscam o empreendedorismo de baixo capital inicial. E muitas são encurraladas a vida matrimonial como único abrigo.

Que planeta é esse?

A escola é ruim para os meninos e para as meninas. Mas são as meninas que ao engravidar precisam deixá-la. Mesmo que momentaneamente. Estamos falhando como civilização e vitimando a vida. E como já dito, na escola as meninas são rotineiramente abusadas. Sim, pois os homens criam seus filhos machos para olhar as mulheres como objetos e desde mais tenra idade forjam personalidades irresponsáveis com o sexo e abusivas para as mulheres.

Que Estado é esse?

Enquanto se comemora o Dia dos Jovens, Belém (PA) está imersa em sangue e adivinhem quem mais está morrendo nessa guerra?
Os jovens.
E quem está ficando com os filhos?
As mulheres jovens ou as avós. Não entendo bem ainda porque homens pensam que crianças são objetos descartáveis. Mas sei que tem relação com a formação familiar e com as bonequinhas que só enfiam nas mãos das meninas antes mesmo que elas respirem direito.
Os meninos aos 12 anos são incentivados ao sexo e esquecem de dizer-lhes que tem que criar o rebento, atualmente, até os 30 anos. E com isso vitimamos nossas mulheres jovens. Muitas, ao encontrar outro parceiro, é obrigada a deixar o filho para traz, pois o machismo é solidário com os homens. Mas não para criar seus filhos abandonados. Quantas crianças são deixadas com as avós?
 Quantas?
 São tantas.
 Quantas dessas ficam na esquina sem pai e nem mãe enquanto o tráfico, a marginalidade, a milícia estão em busca de novos soldados?
O Estado está desmoralizado.
 A política está desmoralizada.
Mas nós como civilização também estamos.
A política do cotidiano precisa ser reinventada.
A política institucional também. Ou a gente a ocupa ou ela continua como está.
Não estamos tratando bem os jovens, contudo, neles reside nossa esperança de transgressão e de mudança no mecanismo. E eles podem fazer a operação lava voto e tirar todos os velhos donos do poder.


Colaboração: Juliet Mattos (Acre\SP)

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