DenysSabba - Janeiro de 2014 Mocajuba |
As mangueiras estão para Mocajuba (PA) assim como o "mapará, está para Cametá.
Faz parte da paisagem desde as mais longínquas datas.
Mas também faz parte da história e da cultura locais.
Manga com febre, manga com leite: tudo mata
Também faz parte da cultura local.
Quem nunca ouviu dizer que "manga com febre mata"?
Uma invenção das mães.
Inventaram isso para impedir que as crianças saíssem sob chuva para buscar mangas quando estivessem doentes.
Isso porque quando cai a chuva as mangas maduras descem ao chão.
E "manga com leite mata mesmo
?
Esta última sentença foi criação dos senhores de
engenho para evitar que os escravos tomassem leite.
Diante da abundancia da fruta, era quase impossível que eles não a degustassem.
Então, espalhando a ideia de que se consumida com leite causava a morte, os escravos tomariam menos leite, pouco abundante no Brasil colonial.
Mocajubense é papa-manga
Tantas são as mangueiras
que ganhamos o apelido de "papa-manga".
Papa-manga!!!
foto aérea - centro mocajuba Mangueiras Ornam a cidade reprodução internet |
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E mais acidamente,
mocajubense chupa-cú-de-sapo-feito-manga?
Hipocrisias a parte.
É assim mesmo que o povo diz.
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Todavia, se a manga não é natural do Brasil,
Deduz-se que a implantação da fruta em Mocajuba (PA) está relacionada
ao processo de colonização.
Portanto, tem ligação direta com a história da cidade.
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Mas, afinal, em que tempo?
Isso não sabemos bem.
Vejam essa foto.
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Pois é.
Investigando a história da cidade,
Fiquei curiosa com a implantação das mangueiras.
Em Belém (PA) sabemos que Antônio Lemos foi responsável pela arborização.
O que deu a cidade um charme todo especial.
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Nesse devir,
Nesse devir,
Mesmo sem descobrir o exato período de implantação da mangueiras.
Relembrei que é uma fruta de origem indiana.
Descobri que, por via de consequência,
o vocábulo "manga" vem de uma língua do sul da Índia, o tamil - lugar de origem da fruta.
o vocábulo "manga" vem de uma língua do sul da Índia, o tamil - lugar de origem da fruta.
***
Bem,
Não descobri ainda quando ela chega em Mocajuba (PA).
Mas segundo Câmara Cascudo, no Brasil ela chega em 1699, “importada das Índias” para Salvador (BA). Diz ele que a a partir de então: “Começariam então os plantios nos quintais.”
Bem, o que ocorria nestes tempos em nossa cidade?
Ainda não erámos município,
Mas a ocupação regional era levada a cabo por comerciantes de especiarias, jesuítas e militares.
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No quintal de minha casa também tem.
No quintal de casa temos duas grandes árvores.
E eu como boa mocajubense nata,
Devoro-a sempre.
Nunca apenas uma.
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Em todo canto tem...
Em Mocajuba (PA) diferente de Belém (PA),
Temos mangas espalhadas pelas propriedades na terra-firme, nos "centros", as colônias...
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Quem nunca?
Lembro que quando criança, em nosso quintal ainda não tinha mangueiras,
Então:
Saíamos a cata de manga na época da safra.
Lá pelos lados dos pimentais.
íamos e voltávamos a pé.
Lá pelos lados dos pimentais.
íamos e voltávamos a pé.
Trazíamos em "sacos de palinha"
Muitos e suculentos frutos.
Lembro dos cheiro da fruta misturado ao cheiro das folhas que forravam o chão,
das moscas,
da algazarra
[...]
tempos bons
tempos bons
***
De maneira que as mangueiras não só fazem parte da paisagem urbana mocajubense
Ela é bem disseminada em todo o território do município.
E temos variados tipos,
Que eu conheço apenas por seus nomes populares
Manga "peito de pombo"
"manga peito de pombo" ou peito de moça |
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Todavia
a cultura popular inspira-se no designer das frutas para nomeá-las.
Eis que também temos a mangarita, "uns chamam de manga buceta",
por assemelhar-se ao órgão genital feminino.
por assemelhar-se ao órgão genital feminino.
mangarita manga buceta |
Também temos a Manga bacuri
E o mangão.
Aquela cheia de fiapos
Fibrosa, mas doce e suculenta.
Não apenas eu gosto de manga.
curupira reprodução |
Um ser lendário bastante comum na Amazônia é o Curupira,
descrito como um menino de estatura baixa, cabelos cor de fogo e pés
com calcanhares para frente que confundem
os caçadores.
***
Dizem que o Curupira gosta de sentar na sobra das mangueiras para comer os frutos.
Lá fica entretido ao deliciar cada manga.
Mas se percebe que é observado, o Curupira logo sai correndo, e numa velocidade
tão grande que a visão
humana não consegue acompanhar.
"Não adianta correr atrás de um Curupira", dizem os caboclos, "porque não há quem o alcance".
***
Olhando o passado, pensando para frente
Ainda procuro o passado para entendimento da inserção das mangueiras na cidade de Mocajuba (PA)
Contudo, de uma coisa estou certa
Ela deve compor todo e qualquer projeto de arborização e humanização dos espaços urbanos em Mocajuba.
***
Infelizmente,
Nossos governantes não registraram nenhuma apreço a cidade
Posto que para fazer bonito
Carece de pouco,
Além de conhecimento e honestidade com a cidade.
O que impediu de se espalhar mangueiras pelos espaços públicos da cidade?
Além do centro?
Além das duas primeiras ruas.
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Na Fazenda
No Arraial
Na Campina
No Bairro Novo
Na Pranchinha
No Monte-Alegre
Na Cidade Nova
No Novo Horizonte
***
É,
Novos horizontes
2 comentários:
Parabéns, belo texto. Só faltou dizer que em Mocajuba até cachorro come manga. Rsrsrsrsrs
As magueiras da frente da cidade foram mandadas plantar quando Mocajuba se tornou uma município autônomo - ver o livro do Ignácio de Moura. Mas, outro documento data der 1850 o plantio das primeiras mangueiras - relatório do IDESP de 1988 - na verdade há um erro na data nesse doc. está 1950, mas de certo as magueiras de Mocajuba se inspiram na plantandas por Antônio Lemos em Belém e possívelmente vieram da capital. O prefeito Rosiel foi responsável por cortar uma dessas mangueira dizendo que estava podre por dentro. Mas quando cortaram não tinha nem sinal de aprodecimento. Era uma das maís antigas e parece na foto que vc reproduz do livro do Ignácio de Moura, perto do primeiro trapiche.
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