Somos "quase todos Marcos" neste sistema opressor de uma oligarquia embolorada e opressora. O episódio de grave ataque covarde ao professor de Educação Física da rede pública da cidade de Mocajuba (PA) e militante ativo dos direitos dos professores e professoras é, mais do que homofobia. É sintoma de um sistema de opressão que perdura por 120 anos em Mocajuba (PA) e vê em Marcos, e seus Marcos, os filhos, um opositor incansável e difícil de abater. O feito a seu primogênito Marcos, por conta de sua sexualidade, individualidade e vida privada, tem mira certa: o alvo é ação política do pai, mesmo que a arma seja a homofobia direcionada ao filho.
professor Marcos Lopes reprodução |
Antes de falar de Marcos Lopes, Mocajubano. Gostaria de lembrar de um outro Marcos. O sub-comandante Marcos - que se recursou a acreditar no "Fim da História".
Na década de 1990,
surgiu no México, um movimento popular indígena diferente, os Zapatistas, cujo
líder era conhecido pelo pseudônimo de “Marcos”, e mantinha uma mística
estratégica – o rosto escondido por uma máscara.
subcomandante Marcos Movimento Zapatista reprodução internet |
O movimento ocupou vastas
áreas no sul do México defendendo os direitos indígenas e das minorias.
Os
ataques a “Marcos” também eram frequentes, inclusive os de caráter difamatório.
Dentre muitos ataques, um deles atestava que “Marcos” era gay. Como a questão
sexual fosse um crime. E um crime tão grande quanto a usurpação dos direitos do indígenas e
das minorias pelas quais ele lutava.
Prática de homofobia.
Esperávam que o efeito sobre ele fosse o de desmentir, afinal o lendário sub-comandante Marcos, másculo, viril, empunhando armas, poderia ofender-se... Algo assim, um tanto idiota.
Prática de homofobia.
Esperávam que o efeito sobre ele fosse o de desmentir, afinal o lendário sub-comandante Marcos, másculo, viril, empunhando armas, poderia ofender-se... Algo assim, um tanto idiota.
Talvez seja Marcos, talvez não. o sub-comandante Marcos, não precisa de rosto. |
Pois bem, naquele
momento, “Marcos” respondeu com o seguinte comunicado.
“Marcos é gay em São
Francisco,
negro na África do Sul,
asiático na Europa,
chicano em San Isidoro,
anarquista na Espanha,
palestino em Israel,
indígena nas ruas de
San Cristóbal
Judeu na Alemanha,
feminista nos partidos
políticos,
comunista no pós- guerra
fria
pacifista na Bósnia,
artista sem galeria,
nem portfólio,
dona-de-casa sábado à
noite em qualquer colônia de qualquer cidade de qualquer, México
machista no movimento
feminista,
mulher sozinha no metrô
às 10 da noite,
camponês sem terra,
um editor marginal,
operário desempregado,
médico sem lugar para
trabalhar,
estudante não conformista,
dissidente no
neoliberalismo,
escritor sem livros nem
leitores e,
seguramente, zapatista
no sudeste mexicano”
Pois bem, o nosso “Marcos”,
mocajubano, com seu sangue mocajubense e cabano é uma das maiores lideranças da
Educação de sua geração, e tem feito, ao lado de seus companheiros de sindicato
uma trajetória de luta e muitas conquistas pela categoria.
Ele diferente, do insurgente Marcos dos Zapatas, luta de cara limpa, sem máscara, (lembrando que a situação no México era de guerrilha), e ao lado de suas conquistas, tem sofrido toda a sorte de perseguição, abuso e atentados.
Mas segue.
Armado pelo coração valente que carrega no peito.
Pela coragem.
Pela coerência.
Nosso Marcos,
Não ocupou grandes áreas físicas defendendo direitos, como o Marcos dos Zapatas.
Nosso Marcos, ocupou um espaço que era de uma velha oligarquia, e que tem que olhar de igual para igual e negociar, e cumprir a lei, e respeitar direitos....
Isso, essa velha oligarquia bolorenta não tolera.
Nunca tolerará.
Hoje, por exemplo,
reivindicam o salário não pago pela prefeitura municipal de Mocajuba (PA). Que,
com sua mídia fragmentária e produzida para enganar, fatiando informações,
alardeou o pagamento do décimo terceiro dos profissionais da Educação, com
pompa e circunstancia, como se isso fosse um favor. Uma dádiva. Uma benemerência
de sua gestão.
Quando é apenas uma
operação ordinária e obrigatória. O décimo terceiro é um direito de qualquer
trabalhador e trabalhadora e, no caso em tela, garantido pelos repasses do
governo federal – religiosamente.
Pois, bem. Na tarde de
ontem, um perfil falso, de nome Daiane Sabba, com uma foto de uma mocinha
loira, branca e de rosto “angelical”, que estava no ar a um certo tempo e
notabilizou-se por ataques a oposição do atual governo, já tendo sido alvo de
ocorrências policiais em episódios anteriores por ataques violentos a
vereadores mocajubenses – atacou ao professor Marcos Lopes, e aos seus filhos.
Marcos Antônio, filho, Anita Lopes, mãe, Marcos Lopes, pai. |
Marcos é casado com a também professora Anita Lopes, e possui três filhos –
todos “Marcos”. Todos criados em Mocajuba (PA) e hoje estudando na capital do Pará. Educação Física, como o pai, arquitetura, e ensino médio.
os Marcos, do Marcos. |
Marco Antônio, o primeiro Marcos, participou de um projeto chamado "Chicos", que com nu artístico visa produzir elementos de combate a homofobia em âmbito internacional. Distorceram o projeto e usaram as fotos indevidamente, como se fosse algo banal e rotineiro criando inclusive um falso contexto para as imagens.
Sim.
Isso é algo que da vida privada, que pontua no entanto sua identidade. E está no âmbito do individual, que não resvala na questão pública.
Usar a intimidade para constranger uma liderança é apelar para os piores meios, dos mais terríveis sistemas.
Isso é algo que da vida privada, que pontua no entanto sua identidade. E está no âmbito do individual, que não resvala na questão pública.
Usar a intimidade para constranger uma liderança é apelar para os piores meios, dos mais terríveis sistemas.
O
post do falso perfil não apenas tratou a questão da sexualidade de Marcos, o “
Marquinhos”, de forma homofóbica.
Não.
O perfil também
questionou a sexualidade do professor, insinuando inclusive um caso com um vereador
mocajubense.
Não.
Não foi apenas isso.
Não.
Não foi apenas isso.
O falso perfil também fez
acusações gravíssimas sobre outro filho de Marcos, o segundo “Marcos”. E segue com um repertório de impropérios sobre a família do insurgente professor.
Definitivamente, não se trata apenas de uma caso gravíssimo de homofobia, trata-se antes de tudo de um crime político, através de um expediente comum na cidade, o uso de falsos perfis para atingir adversários.
Há uma grande lista de tais perfis.
É acima de tudo, o uso do constrangimento, da difamação, da exposição da vida privada para calar opositores e opositoras.
Há uma grande lista de tais perfis.
É acima de tudo, o uso do constrangimento, da difamação, da exposição da vida privada para calar opositores e opositoras.
[...] Para impedir o debate democrático.
[...] Para frear a democracia
[...]Para manter o domínio de uns poucos
[...] O modo operandis de lidar com a democracia, da oligarquia mocajubense.
[...] Ou parte dela.
Diante disso, algumas
perguntas precisam ser feitas em
Mocajuba (PA) e todo cidadão de bem, precisa refletir sobre o tema.
o terceiro Marcos, Marcos Cristhian reprodução facebook |
1.
Quem poderia ter interesse em difamar e
constranger Marcos, e seus Marcos?
2. Aqueles que se sentem donos do poder em
Mocajuba (PA) sempre constrangeram as minorias mocajubenses, seja roubando seus
direitos trabalhistas, suas terras, sua produção, sua liberdade?
2.1.Quem já ouviu falar do cercado que separava brancos e negros na cidade?
2.1.Quem já ouviu falar do cercado que separava brancos e negros na cidade?
2.2. Quem presenciou preconceitos de toda sorte na cidade, inclusive de espaços?
Aquele pessoal "lá de trás"... Lá para trás acontece de tudo?
Isso, mesmo, os preconceitos são tão presentes, que até o lugar da cidade que moramos é motivo para preconceitos. Sempre velados, como o preconceito contra negros. Ou ainda o preconceito contra gays. Muita gente finge que não existe ou que não age de forma preconceituosa, simplesmente porque sabe o quão é vergonhoso.
E criminoso.
2.3.E até quando isso será tolerado?
E criminoso.
2.3.E até quando isso será tolerado?
Tiraram nossa cerquinha que separava brancos e negros. Mas carregam-na nas mãos, e sacam dela, não apenas para negros.
Sacam-na contra pobres.
Sacam-na contra moradores e moradoras das periferias,
Contra ateus,
Contra umbandistas
Contra mães solteiras
contra moradores do "sítio"
Contra gente muito magra,
Contra negros
Contra gays
Contra insurgentes.
Sacam-na contra pobres.
Sacam-na contra moradores e moradoras das periferias,
Contra ateus,
Contra umbandistas
Contra mães solteiras
contra moradores do "sítio"
Contra gente muito magra,
Contra negros
Contra gays
Contra insurgentes.
3. Será o caso dos “Marcos” uma questão política encravada na
história do domínio de uns poucos da cidade ? 3.1. Ou um caso fortuito de crime de homofobia?
3.
Marcos Lopes, o pai - é um indivíduo com
identidade definida na sociedade mocajubense, liderança e formador de opinião. 3.2. Porque justamente ele, o sindicalista, combativo, professor atuante pelos direitos dos seus iguais?
Todos
os regimes opressores usam do expediente da difamação para constranger seus
opositores. Os mestres neste campo foram os regimes fascistas e nazistas.
opressãonazifacista http://opressaonazifascista.blogspot.com.br/ |
Machistas,
racistas, opressores, sexistas, e autoritários...
Racistas,
machistas, autoritários, sexistas, opressores,
Opressores,
sexistas, autoritários, machistas, racistas...
Eu
já fui vítima deles.
E
serei ainda.
Eu
sei.
Virei
Matinta Perera pelos ouvidos cegos daqueles que não sabem que a firmeza de
propósito é maior que o preconceito.
Que o preconceito de classe.
De espaço.
De cor.
De
cabelo.
Todos servem a um mesmo fim.
Oprimir.
Pois a opressão existe também em democracias frágeis como a nossa.
Ela é o efeito negativo que é experimentado por pessoas que são alvo do exercício cruel do poder.
Tal como Marcos.
Oprimir.
Pois a opressão existe também em democracias frágeis como a nossa.
Ela é o efeito negativo que é experimentado por pessoas que são alvo do exercício cruel do poder.
Tal como Marcos.
Nossa questão é[...] até
quando suportaremos.
Não suportamos mais.O ataque a Marcos, é um marco da história da cidade.
Uma velha oligarquia embolorada e parasitária que não sabe agir de forma republicana.
Um novo tempo está por vir.
Mas ele já descortinou.
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