terça-feira, 17 de maio de 2011

Mocajuba: Bons Exemplos que provam que o que vale são idéias simples, desde que voltadas à coletividade ..

Há muito tempo, Mocajuba vive um período de letargia econômica e desagregação social, por consequência. Veja no bom fuxico abaixo, que as mudanças dependem da organização social para bom acesso e controle do mercado. Não é mágica. È boa vontade e compromisso social.

Deguste e pense o que você pode fazer hoje...



Deguste a idéia e pense porque em Mocajuba não poderia ser assim. Que lógicas nos impedem?


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Cooperativa de cítricos quebra paradigma na floresta amazônica Existe no Brasil um dito popular que associa um estigma a uma fruta cítrica e a pessoa que a manuseia. Quando ouvimos a expressão “estou com um abacaxi nas mãos” é comum pensar que a pessoa em questão esteja com dificuldade ou sério problema diante de uma situação. Não sabemos o porquê da escolha do abacaxi para o desagravo. Mas, como toda regra tem exceção, encontramos no meio da Amazônia um exemplo no cooperativismo que ajudou a derrubar o paradigma do abacaxi.





Contrariando o senso comum, a comunidade Sagrado Coração de Jesus, na Vila do Engenho, município de Itacoatiara, interior do Amazonas, escreve uma nova versão do imaginário popular. Isto porque os agricultores locais cultivam com sucesso uma produção de 10 milhões de abacaxis na safra 2011.





Organizados em uma cooperativa, os trabalhadores atingiram um bom nível de infraestrutura e cidadania ao longo dos anos. Tudo devido ao cultivo do abacaxi, ator responsável por uma verdadeira revolução comportamental, consolidada com a criação da Cooperativa dos Produtores da Comunidade Sagrado Coração de Jesus Paraná da Eva (Ascoope).





“Hoje temos plena consciência de quem somos, e isso só aconteceu depois de muito aprendizado e a cooperativa acelerou esse processo. Estamos quebrando paradigmas aqui, pois não refletimos mais aquele estereótipo do homem interiorano, com uma casinha rude e insalubre, uma esposa grávida e muitos filhos, sem informação e mão-de-obra desqualificada”, reconheceu Edsomar Soares de Mendonça, presidente da Ascoope.





O produto inseriu no mapa do setor primário do Amazonas o esforço coletivo das 230 famílias do vilarejo. Capitaneados pelo fornecimento de 32 toneladas de abacaxis e 18 de cupuaçus ao Programa de Regionalização da Merenda Escolar do Governo do Amazonas (PREME) nesta safra, os agricultores da Vila do Engenho contabilizam o futuro com o lucro financeiro da colheita, certos da escolha que fizeram.





“Há 17 anos eu e o Edsomar escolhemos este lugar para viver, por isso acreditamos nessas terras. Somos pais de uma filha linda e ajudamos a melhorar tudo aqui, desde a associação de moradores, e depois com a cooperativa para chegar onde chegamos”, disse Nazira de Mendonça, esposa de Edsomar.





O amadurecimento social vivenciado pelos citricultores recebe os visitantes do lugar. Ao chegar, nossa equipe de reportagem flagrou um grupo de moradores ajudando técnicos da empresa concessionária de energia elétrica do Amazonas a trocar um transformador de poste, exemplo do novo pensamento. “Na cidade não faríamos isso, mas aqui é para nosso benefício”, afirmou o presidente.





Vila do Engenho é assim. Verde para todos os lados, água encanada, escolas para as crianças, ruas asfaltadas e o Luz para Todos do Governo Federal. Em muitas das casas veículos utilitários novos nas garagens. “Seria um lugar comum país adentro se não fosse o compromisso de todos na busca constante por melhorias coletivas”, disse Nazira. Uma simples conversa no portão de casa, ou balcão de comércio, percebe-se a conexão de ideias com a atualidade, apesar do isolamento geográfico.





“Antes na Associação reuníamos para debater todos os assuntos, do time de futebol, do atraso do barco que levava as crianças à escola e até coisas ocorridas na missa. Com a cooperativa nos organizamos mais e aprendemos a reivindicar junto ao poder público às nossas demandas, o que nos trouxe qualidade de vida”, esclareceu o presidente.





Toda essa transformação não foi por acaso. O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Amazonas (Sescoop-AM), braço educacional do cooperativismo brasileiro, deu sua contribuição no processo. O incentivo resultou no financiamento de uma agroindústria que trouxe a reboque da mecanização um leque de ferramentas voltadas a otimização da produção e gestão administrativa.





“Antes tirávamos a polpa de cupuaçu na mão, usando tesouras. Teve safra de 200 toneladas, imagina, e esses custos com pessoal não eram contabilizados, o mercado pagava o que queria. Agora respondemos a demanda com qualidade e sabemos nosso valor, pois investimos em maquinário e capacitação da nossa mão-de-obra”, comemora Nazira.





E não é só isso. É possível afirmar que Sagrado Coração de Jesus atingiu a sustentabilidade dos negócios. O que confirma o argumento é a Seção de Consumo criada pela cooperativa. Trata-se de um mercadinho construído sobre toras de árvores que flutuam, ancorado no Paraná da Eva (rio de correnteza lenta), cujo público alvo são os próprios cooperados.





“Hoje o dinheiro não sai da comunidade. Vendemos diversos gêneros: alimentos, limpeza, ferramentas e vestuário. Tudo com preços subsidiados aos associados que dão preferência à iniciativa. Atendemos até quem não é da Ascoope. Mas o grande mérito do projeto foi que conseguimos regular na região os números da concorrência, de forma que todos economizam”, diz Edsomar.





Um sentimento de satisfação. Foi o que expressaram Edsomar e Nazira ao final da reportagem diante de um hectare plantado com abacaxis, confiantes na escolha de vida que fizeram. “Temos muito trabalho pela frente. Sinto orgulho ao ver tudo isso. Eles estão mudando a nossa fisionomia, do homem rural da floresta, e a cooperativa é nosso motor. Se alguém tiver algum abacaxi para descascar, é só falar comigo”, finalizou o agricultor.

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"Veja bem, meu amigo, a consciência é um orgão vital e não um acessório, como as amígdalas e as adenóides."(Martin Amis)

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