Contumo dizer que Mocajuba, assim como muitas áreas da Amazônia, é dual. É partida em duas.
De um lado, estão as áreas onde a estrada é o elemento maior de conexão, de outro, aquelas nas quais os rios, furos e igarapés cumprem essa função. Nestas últimas, a água, que tem seu dia comemorado hoje, é base para muitas atividades, bem mais numerosas que para as áreas de terra-firme, na sede ou em seus arredores. Em bom mocajubês: para o pessoal do sítio a água tem mais importância (ou importâncias) que para o pessoal da cidade (sede). O que não significa que na sede não tenhamos graves problemas para serem enfrentados e o primeiro deles é o abastecimento realizado pela Companhia de Abastecimento de Água - Cosanpa. Bairros como a Pranchinha, pagam mas não levam, pois a água não sobe nas torneiras, chuveiro etc. È preciso construir uma engenhoca no chão, um espécie de cacimba para ter acesso ao líquido precioso. A despeito disso, todos os meses a conta da Cosanpa chega ás casas dos moradores, e ... "aai de quem não pague".
Nas ilhas e áreas ribeirinhas, água serve desde do lazer, até a fonte mais expressiva e comum para todos, que é a alimentação, ou melhor, hidratação, o famoso "matar a sede".
Passando pelo saneamento, quem nunca usou um banheiro nas ilhas ?
È saneamento instâtaneo. Tchibum! E a água já leva. O complicado disso tudo, é que a maioria dos moradores capta água direto do rio para beber.
Pois bem. A água, para ribeirinhos e moradores das ilhas, é também elemento fundamental do transporte cotidiano, do manejo das várzeas, ou das roças. Se água é vida - nas ilhas e regiões ribeirinhas amazônicas, ninguém tem dúvida disso.
No entanto, ainda carecemos, tanto nas ilhas e áreas ribeirinhas quanto na sede municipal e áreas de colônia (o centro) - de uma política municipal de gestão de recursos hídricos que compreenda Mocajuba em sua totalidade, resguarde as diferenças e assegure o bom uso da água e o atendimento das necessidades da população local. Preservando assim, o pobre Rio tocantins que recebe todo o esgoto da cidade sem tratamento algum e os os igarapés que viraram canais de esgoto ou depositários do chorume (líquido produzido pelo lixo) e estão com PH altíssimos sob os olhos da comunidade local e das autoridades. Preservando acima de tudo a vida e a saúde das pessoas uma vez que consumo de água não tratada adequadamente é causa de muitas doenças e mortes.
Preservar a água, para nós amazônidas, é garantir o futuro, muito mais que para outras comunidades. Nós temos muito mais água doce, contudo também fazemos um uso em maior multiplicidade. Água para nós, é vida, é cultura. E por isso, precisa, ainda no século XXI, de uma política integrada de gestão dos recursos hídricos de forma a garantir a sustentabilidade dos processos de desenvolvimento local.
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