terça-feira, 26 de maio de 2009

E aí su mano! por Rocco Lopes




Tenho uma certa tendência a ser passional em meus textos.Canceriano e poeta, revelo nas letras o meu afeto pelas coisas, lugares e pessoas que amo. Há pessoas e lugares que fico tempos ser encontrar e isso não diminui meu sentimento por eles, ao contrário, só o pontencializa.Vivendo longe de Mocajuba há um bom tempo, há algo dessa terra que sempre me cativou em especial, sua cultura. O modo de falar, a relação com o rio, a culinária, a religiosidade, e uma infinidade de manifestações que dão identidade e beleza à nossa terra, tudo isso sempre esteve impregnado nessa relação com Mocajuba, ainda que de longe.
Tem coisa mais rica e original do que bater papo com um caboclo da nossa terra? Um tio, um pai, um vizinho, que no seu modo simples de falar, repleto de sabedoria e experiência, nos conta causos, nos ensina coisas. Ir à feira pela manhã, encontrar o povo naquele emaranhado de cheiros, sabores e sotaques é uma experiência enriquecedora, que promove a troca de saberes e a continuidade de uma cultura. Acho lindo e tenho paíxão pelo povo mocajubense e sempre que posso faço questão de enaltecê-lo, divulgá-lo. Há um pensamento corrente, ingênuo eu diria, de que a pronúncia do cametanese, do mocajubense, do caboclo, é motivo de vergonha, constrangimento.Na verdade, deve ser motivo de orgulho, já que revela quem somos, que temos uma história, que somos um grupo, um povo. Não somos fruto da artificialização, mas da construção humana e cultural. Não é preciso e nem obrigado que as novas gerações(circulando pelas universidades, pelo mundo letrado, pela internet, ...) falem ou escrevam em caboquês, mas que vejam sua importância para a história e a identidade cultural da nossa terra. Precisamos cultivar, regar e reproduzir a beleza da nossa cultura. Diante da imensa (e inevitável) boca da globalização precisamos garantir "quem e o que somos", sob o risco de, de repente, não saber mais.Portanto viva o "mano", " gitito","o teba"," e "o pavulagem".
Beijo minha gente.

Rocco Lopes

Um comentário:

Carmen Américo disse...

BELO DEBUT AMIGO.
SAUDAÇÕES MOCAJUBENSES

"Veja bem, meu amigo, a consciência é um orgão vital e não um acessório, como as amígdalas e as adenóides."(Martin Amis)

Leitores do Amazônidas por ai...


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