quinta-feira, 14 de maio de 2015

ENTREVISTA COM A SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO – LUZIA SABA (Parte 1)





O blog foi recebido pela Secretaria de Educação para uma entrevista sobre o processo de transição de governo e os desafios enfrentados pela Secretaria de Educação do Município, que apresentaremos em duas partes, seguidas de comentários do blog. 


Nesta primeira etapa destacamos a apresentação de um problema crônico, sobre o qual pouco se fala no debate público sobre a educação: as debilidades da administração pública de longo prazo que terminam onerando os gastos públicos de forma abusiva devido à falta de zelo dos administradores do município.


Se você acha que o empreguismo, e o clientelismo associado, são o nosso grande câncer, apenas -  leia a entrevista





Blog: Quais são os principais desafios enfrentados nessa nova transição?


Luzia Saba: 

"É a formação da equipe, em primeiro lugar. Porque a gente tem que ter responsabilidade quando assume um grande desafio. Porque o município está desestabilizado [...] E isso numa transição e com um processo judicial [...]

Uma hora é um [prefeito], outra hora, é outro [prefeito] E a gente não sabe se ele vai seguir as mesmas metas. È uma instabilidade muito grande.

Temos um novo grande desafio hoje que é a construção do Plano Decenal da Educação do Município. Hoje tivemos a primeira reunião, mas infelizmente, não se consegue reunir todos os segmentos. Quinta feira vamos efetivamente começar já a desenvolver o plano [no duro]. Porque são várias metas a serem cumpridas. È assim, temos que ter metas, estratégias e as ações que deverão ser desenvolvidas, para as quais terão que ter recursos. As ações só são desenvolvidas quando há recursos humanos, espaço físico e recursos. Mas hoje a LOA [Lei Orçamentária Anual] já foi aprovada – o que gera um desafio.

Eu ainda não tenho um diagnóstico geral, porque a gente se empata despachando gente que quer emprego. A secretaria de educação é uma fábrica de emprego, é a única fábrica que tem no município. Por exemplo: agora que está abrindo uma fábrica de cabo vassoura. Mas é pequeno. Não tem empresas aqui. Não tem um órgão federal...



Por exemplo, tem o INSS aqui, mas não vai captar a demanda de Mocajuba (PA) porque é um concurso público que é para o Brasil inteiro.
Os servidores de apoio e os comissionados foram demitidos, exceto professores. Mas te digo que o maior problema do município não são os temporários. A máquina está muito cheia de temporários, mas o nosso maior problema maior é com servidor efetivo.




reprodução 


Em primeiro lugar, a contribuição de cada servidor ao INSS é individual, mas o repasse é no montante. Com isso todas as pessoas que chegam à idade de se aposentar, elas acabam ficando na folha. Elas se afastam, mas continuam na folha [de pagamento] dos efetivos. Por quê? Por que a contribuição delas é paga [o município paga] no montante e não individualmente, feita de forma individual, mas o repasse é feito no montante.


Outra coisa, nós temos muitos servidores com laudos médicos. Porque tu sabes que ninguém é obrigado a trabalhar doente."

Blog: Muitos... Significa quanto?

Luzia Saba: 

"Não sei te precisar. Mas eu acho que são uns vinte professores afastados por laudo médico."


Blog: Mas todos estão corretamente afastados? 


Luzia Saba: 


"O que eu quero dizer é que até isso dificulta a questão da perícia, do INSS.
E que se a gente for mandar um servidor para a perícia do INSS [...] 

[...] Ele [servidor]  tem que contribuir para o INSS individualmente. Porque quando ele começa a entrar com os laudos médicos, quando completam seis meses (ou um ano, não sei bem) ele tem que se submeter a uma aposentaria por invalidez. Porque, [o que ocorre , é que]  eles vão entrando com laudo médico [...]  laudo médico [...]. 

Contudo, a rigor, nesta situação deve chegar um momento que a inspeção do perito não vai apenas afastar da  função. Vai chegar um momento que o perito vai dizer que o servidor está inválido para exercer-la. 


Mas [em Mocajuba] o que acontece?Os nossos servidores saem de regência [de sala] por força de um laudo médico. Mas continuam na folha de pagamento  com os mesmos benefícios, .... dos demais. Quando na verdade, eles deveriam [depois de um período de afastamento] por força de um laudo médico, receber um benefício do INSS. Mas aqui não. Eles se afastam, mas continuam na folha de pagamento. Um problema estrutural.

E o que eu acho? Essa situação dos servidores que se afastam e continuam na folha e os que se aposentam e continuam na folha é um peso para o município."

A questão do temporário é mais uma questão de responsabilidade, explicou a secretária.

"Quando tu ocupas um cargo com responsabilidade, tanto a comunidade escolar quanto a comunidade política tem que ter responsabilidade. Não é porque eu me comprometi com tal político que eu vou inchar a máquina", sentencia Luzia.

  Continua {...}

Um comentário:

Ellen disse...

Olá Professora Carmem Américo, primeiramente parabéns pela inciativa em entrevistar a Secretaria de Educação e parabéns a ela em aceitar o seu convite. Venho acompanhando o trabalho dedicado através deste blog e o uso deste espaço para o debate qualificado realmente é importante. Entendemos que os desafios a frente da Semed, não não fáceis, mas sabemos que algumas situações necessitam de mais vontade política para que sejam solucionados, as questões crônicas levantadas pela então secretaria, precisa ser avaliada com mais profundidade, para que as proposições possam enfim se tornarem realidade. Como funcionária contrata que fui por algum tempo neste município, acredito que a questão dos "temporários" é também um grande complicador da melhoria do trabalho educacional e torço para que um Concurso público aconteça, e torne enfim a situação dos trabalhadores em Educação regularizada conforme os direitos trabalhistas. Estou na torcida para que a Professora Luzia Sabbá consiga melhorar a situação atual da SEMED!

"Veja bem, meu amigo, a consciência é um orgão vital e não um acessório, como as amígdalas e as adenóides."(Martin Amis)

Leitores do Amazônidas por ai...


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