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Dilma Roussef em 1970, na Sede da Auditoria Militar |
"O Brasil
merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e, especialmente,
merecem a verdade todos que perderam amigos e parentes e que continuam
sofrendo como se eles morressem de novo a cada dia", afirmou Dilma, que
interrompeu seu discurso pelos aplausos e para secar suas lágrimas.
A comissão terá um prazo de dois anos para investigar crimes contra
os direitos humanos ocorridos entre 1946 e 1988, embora se concentre no
último regime militar (1964-1985).
"Não somos movidos por
revanchismo, o ódio ou o desejo de escrever a história de uma forma
diferente da que ocorreu, mas a necessidade de conhecer sem
ocultamento", disse a presidente, que esteve presa dois anos por sua
militância em um movimento de esquerda que combateu a ditadura.
Sem citar especificamente a Lei de Anistia de 1979 que impede levar à
justiça suspeitos de torturar, sequestrar ou assassinar durante a
ditadura, Dilma lembrou que o Brasil recuperou a democracia graças a
pactos políticos que serão honrados pela Comissão da Verdade. "Assim
como respeito a luta pela democracia também respeito os pactos políticos
que nos levaram à redemocratização", afirmou.
Dilma alegou
que a instalação da comissão é um ato de Estado e não de Governo e nesse
sentido disse estar alegre por ter a companhia dos líderes que a
antecederam durante os 28 anos desde o fim dos 21 anos de ditadura
militar. Em um ato simbólico, Rousseff chegou à cerimônia após descer a
rampa interna do Palácio do Planalto ao lado dos ex-presidentes José
Sarney (1985-1990), Fernando Collor de Mello (1990-1992) Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
A presidente destacou que a comissão foi criada durante o Governo
Lula e que teve como antecedente a decisão de Cardoso de reconhecer a
responsabilidade do estado nas violações aos direitos humanos durante a
ditadura e compensar os familiares dos mortos e desaparecidos.
A comissão será integrada pelo ministro do Superior Tribunal de Justiça
(STJ) Gilson Dipp, o ex-procurador-geral da República Claudio Fonteles,
o ex-ministro de Justiça José Carlos Dias, o sociólogo Paulo Sergio
Pinheiro, a psicanalista María Rita Kehl, o advogado José Paulo
Cavalcanti Filho e a advogada Rosa María Cardoso da Cunha, amiga pessoal
de Dilma e defensora de presos políticos durante a ditadura.
Apesar da lei de criação da comissão estabelecer que sejam investigadas
tanto as violações cometidas pelos agentes do estado como pelos
militantes que se opuseram à ditadura, seus integrantes deixaram claro
que se concentrarão nos primeiros.
Fonte: Notícias Terra
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