quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Mocajuba: a primeira entrevistada é Ana Mira Valente

Perfil
Ana Mira Valente Ferreira, tem 45 anos, é professora de Língua Portuguesa formada pela UFPA/Cametá com especialização em Língua Portuguesa, ou seja, é do ramo das letras. È mãe de 03 filhos Andrey, Yan e Ananda, fruto de sua união com o professor de Educação Física, Agenor Batista. È mulher, mãe, filha, professora e profissional liberal. Mas prefere definir-se como educadora.



Atuou como professora do ensino médio 19 anos em Mocajuba, na escola Isaura Baia. Atualmente, é auxiliar judiciário em Baião, município vizinho. Por conta de problemas de saúde deixou a sala de aula e atua no apoio da secretaria da Escola Estadual Isaura Baia. Em Baião, não se afastou da educação e coordenou, como voluntária, o projeto Ler para a Vida na escola São Francisco de 2002 a 2004.



É uma das mulheres de Mocajuba que sempre esteve à frente de seu tempo e teve sua trajetória orientada firmemente pela educação.



De origem ribeirinha, a região das ilhas, a ilha de Furtado em Cametá.



 
Filha de Maria José Valente Ferreira, a dona Dadá, e Evandro do Carmo Ferreira, o Mestre Vandico.




A origem dos pais marca sua identidade fortemente. Seu pai era o “Mestre Vandico”, agro-extrativista, “meeiro”, barbeiro e pintor residencial, também de saxofonista na Banda Aliança - um ícone do típico caboclo cametaense.




Dona Dada, tão polivalente quanto, era de dona de casa e extrativista nas ilhas. Não cuidava apenas da extração vegetal, também tirava leite de seringa, coletava e processava andiroba, além de cuidar da criação de pequenos animais, fazer a “gapuia” ... Ufa !!!!



A vida não foi fácil nas ilhas

Nos tempos que mestre Vandico saía de casa por dias a fio para exercer a atividade de pintor nos estaleiros ou residências na sede de Cametá ou Mocajuba dona Dadá cuidava dos filhos e filhas,, da casa, do trabalho na ilha: na floresta de várzea ou no rio com ajuda da prole.

A família habitava numa casa simples, tipicamente amazônida (palafita) à margem do Rio Furtados. “Defronte”, do outro lado do rio, estava a escola onde chegavam de “casco” diariamente. O rio furtados, em dias ruins, era instransponível. Nem sempre tinha casco, ou o casco velho, cheio de furos e calafetado com barro, ameaçava afundar... Não raro, ela e os irmãos chegavam à escola como se viessem de um olaria. Ela conta isso entre risos...


Mas não era ruim...


Este era o cenário de sua infância, a comunidade da ilha, cercada de água e valores muito rígidos, uma vida dura, mas colorida pelo cotidiano da vida em família, espelhada pelas águas....


Retirantes das águas....


Em 1975, a família muda-se para a sede de Mocajuba para que as três últimas filhas, Luciete, Ana Mira e Lúcia pudessem estudar, já que os mais velhos já estudavam na cidade, agregados em casas de amigos da família. Uma aposta da “Dona Dadá” que acreditava na mudança da trajetória de vida pela educação.



Mestre Vandico tinha seus receios quanto a mudança pois temia não conseguir sustentar a família fora da região da ilha. Entretanto, resignou-se diante da insistência da esposa.



E assim a vida seguiu...


A família entrega a terra que usavam, assim “meio de meia” já qe não possuíam terra própria. Digamos, retirantes das águas.




Uma cidade com quatro ruas e um igarapé no meio


Em Mocajuba a família chega na época em que a cidade tinha apenas quatro ruas, ou seja, era apenas uma franja na beira do Tocatins. Vão morar nas proximidades do bairro do Arraial, em cujo quintal passava o igarapé que corta a cidade. Nestes tempos, o igarapé que hoje é impróprio para banho,  tinha as águas "limpiiiinhas", enfatiza.  

Era onde a molecada dos arredores tomava banho, brincava ...



Ana Mira relembra, em misto de saudade e orgulho que nessa época a cidade ainda tinha a “cara do interior” e não foi difícil a adaptação.



Foi matriculada na 2ª série juntamente com Nei Rascon, Duca do Beijo, Sabazão (da D. Ninin) dentre outros que a chamavam de “língua pregada” e de vara de bater pecado pela aparência “magrela e caneluda”. No meio dos gozadores encontrou uma forte defensora: a Chica (hoje, Chica do Valfredo),



A cidade era muito tranquila, aliás, era tranqüila. Os habitantes se reconheciam e tratavam-se pelos nomes. 



Mas já tinha um cinema, cinema no interior do Pará


Bem, a vida seguiu sem muitas intempéries.  As atividades domésticas, típicas das meninas, eram as mesmas da ilhas: lavar roupa com a mão, amassar açaí etc. O que tinha de diferente era o cinema, que infelizmente terminou. Era a grande diversão na época. Além dos vesperais (festinhas à tarde) onde aprendia os primeiros passos da dança (coisa que não conseguiu aprender até hoje), registra saudosa.



È neste ambiente que Ana Mira cresce (e cresceu bastante)



Na cidade, já ambientada a “vida urbana”, era necessário ajudar nas despesas da casa e passa a trabalhar na secretaria da paróquia onde fica até os 19 anos. Ana Mira tinha então 15 anos e inicia longo período de novos aprendizados ao lado de Padre Pedro Hermans, um religioso de origem Holandesa pertencente a congregação lazarista.




Sempre atenanda às grandes mudanças


Nesse período, o trabalho com as comunidades e o movimento jovem trouxe-lhe conhecimentos inestimáveis. Contexto em que participa da fundação do Partido dos Trabalhadores, (PT). Lembremos que Lula, neste contexto, está viajando pelo país para fundação dos diretórios do partido e chega até Baião. 




A saudosa Dona Zeneide e “Seu Santino” pais da Juce do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e figuras marcantes como DIG DIG, Tio Zaca, Professora Maria Amélia, Zé Pretinho, a saudosa prof. Altair(da Mangabeira), seu Aureliano, “Seu Zé Maria” e Prof. Benedita (pais da Euci) compõem esse momento da trajetória a menina magrela, Ana Mira, qe já era "valente".



Participante ativa dos movimentos eclesiais de base aprendeu a falar com as comunidades e a lidar com gente, com o povo. Bem, nessa época tinha pouca gente, né? Era tuo pautado no olho no olho. 



Relembra que era catequista na Comunidade Boa Esperança junto com dona Agripina, um trabalho que lhe assegurou crescimento e fortalecimento de valores, registra nossa entrevistada.



Na semana estudantil mocajubense, o maior evento cultural-esportivo da cidade, participou por muitos anos como torcedora e colaboradora (ela pintava as camisas) do SKAYLAB, juntamente com Ednaldo Barros, Zeca Campos, Alex Bacha, Birinha, Mundinho e Vera... E eu, achando que o papel dela era jogar, voley ou basquete (rss)





Em 1986 torna-se escrevente datilógrafa da escola Almirante Barroso, junto com Maria Jose, a Maria José “do Vera”, filha da Dona Florzinha, e lá estavam a Noêmia Paes, Raquel Valente, Socorro Oliveira (a Socorro “Baú”)...



Bem, a Ana Mira, já foi Ana Mira “do Vera”, depois por esses acasos da vida, a Maria José passa a namorá-lo. Aposto !!!Dessa você não sabia !


Em 1987 ingressa na universidade em Cametá, cursa letras e torna-se professora de língua portuguesa. Tempos bons os do curso em Cametá.




A cidade não possuía o ensino médio regular. O antigo segundo grau era realizado em módulos, o que causava muitos problemas a educação dos jovens que, não raro, saiam à cata de formação em outros municípios como Cametá, Belém, Castanhal e outros. Era preciso empreender a mudança. A menina magrela da ilha, não tinha vindo para a sede da cidade à toa.



Dona Matilde, a professora Matilde, toma iniciativa de organizar o ensino médio regular em Mocajuba com base nos jovens professores locais. A cidade muda seu rumo... Fátima Braga, Jose Antônio Guimarães, Catarina, Luciete Valente, Demytrius e Ana Mira Valente, dentre outros, fizeram parte desse momento da história da cidade.




Bem, daqui em diante, sua trajetória é mais conhecida por todo mocajubense que estudou na escola Isaura Baia. Para quem não sabe quem é ela hoje, vai saber na parte II da entrevista pautada em perguntas e respostas. Você não pode perder. Amanhã.



2 comentários:

Anônimo disse...

enterra esse kapeta la no inferno que ela ta.mocajuba nao queremos . eu lembro quando era diretora da escola o quanto era pessima e perseguia professor,deus nos livre e guaree.quem vai votar nela e o corno do agenor batista ele adora ela pelo chifre que ele usa ate hoje kakakakakakakakakakakakakakakak

Carmen Américo disse...

Caros anônimos endiabrados. Se quiserem ver suas postagens publicadas, sejam elegantes, evitem ofensas.

"Veja bem, meu amigo, a consciência é um orgão vital e não um acessório, como as amígdalas e as adenóides."(Martin Amis)

Leitores do Amazônidas por ai...


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