Quem assistiu o filme Tropa de Elite II possui uma idéia didática do modo operandis de atuação das milícias, que há pelo menos poucos meses, era uma realidade invisível aos olhos das autoridades paraenses.
Sim.
Invisível às autoridades, contudo, os cidadãos e cidadãs já murmuravam pelas esquinas de Belém (Icoaraci e Guamá), Marabá ou Igarapé-Miri sua existência, crescimento e expansão.
Personagens Milicianos Tropa de Elite II reprodução internet |
Nesta
sexta-feira (30), o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias foi entregue ao secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa
Social, Jeannot Jansen da Silva Filho por seus membros. Nele uma nova faceta do Pará, com raízes
concretas em Mocajuba (PA).
A
CPI foi originada através da demanda de mais de 100 entidades da sociedade
civil organizada que pediram a criação da Comissão depois da Chacina de Belém
no último novembro. Edmilson Rodrigues respondendo a tal demanda fez o
requerimento a Casa Legislativa.
O
reconhecimento formal da existência de tais organizações coloca o Estado diante
do complexo desafio de combatê-las, em um cenário de grave agudização de
problemas na segurança pública dos quais as milícias são sintomáticas.
Assembléia Legislativa do Pará CPI da Pedofília Foto: Agência Pará |
Além disso, é legítimo supor que não apenas nas cidades investigadas elas se façam presentes, provavelmente, outros grupos semelhantes espalham pelas demais cidades do interior sob os olhos mudos de seus moradores.
Muito revelador, o relatório tem 226 páginas apontando
nomes das pessoas supostamente envolvidas nas milícias além de propostas de
atuação sobre o problema. O relatório aponta 60 nomes e pede que sejam abertos
inquéritos. O relatório instigante produzido pela CPI traz elementos muito
elucidativos mostrando de forma muito consistente e clara, o que são e porque
são. Ou seja, a investigação mostrou quem são os milicianos, e explica de
maneira detalhada o porquê.
Lembremos que Belém do Pará ganhou as manchetes dos jornais
nacionais depois de Chacina nos Bairros de Belém e Guamá expôs a questão. A
morte de 11 pessoas ocorreu logo após o cabo da Polícia Militar Antônio
Figueiredo ter sido morto no Bairro da Terra firme.
Infográfico da Chacina de Belém Fonte: G1 |
Um inquérito especial está investigando as mortes, caso a caso, uma operação que envolve muitos profissionais - contudo até o momento não houve esclarecimento definitivos. O relatório não aponta os autores dos disparos, mas destaca que o Sargento
Rossicley Silva através da rede social Facebook conclamou a darem uma resposta militares ao assassinato do Cabo Pet - Cabo
Antônio Marcos Figueiredo.
O
relatório apresentado, na sexta-feira, é
muito assustador e traz nomes dos envolvidos em pelo menos três milícias e sua
forma de ação.
A ilustração acima, publicada no Jornal o Diário do Pará, baseia-se no conteúdo do Relatório disponível aqui.
Baixo-Tocantins e Mocajuba (PA)
No relatório a atuação da milícia que seria comanda por
Aílson Santa Maria do Amaral, o “Pé-de-Boto” - o prefeito cassado de Igarapé-Mirí, é registrado atuação comprovada
de seu grupo em Mocajuba (PA) - pelo
menos em umas das formas de atuação o
saque aos cofres públicos através de esquemas de fraudes em processos
licitatórios.
Relatório da CPI das Milícias Pg.174 |
Relatório CPI das Milícias Pg. 175 |
Portanto, o relatório traz elementos que ajudam a esclarecer os esquemas operados em Mocajuba (PA) sob a liderança de Rosiel Sabba Costa (PR).
O relatório aponta que esquema de fraudes licitatórias estourado em
Mocajuba (PA) através da Operação Mocajuba, e que tramita hoje sob o número
0004847-23.2013.8.14.0067, tem raízes mais complexas e, segundo a CPI da Pedofilia relaciona-se diretamente parte do esquema de ação da Milícia comandada pelo prefeito cassado de Igarapé-Mirí, o Pé-de-Boto. Ao lado dele são indicados outros indivíduos que fariam parte da Milícia com base no processo 201330 23981-0.
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