sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Elisa Lucinda - Só de Sacanagem ( Mais Honesto ainda eu vou ficar)



Atendendo a pedidos,
Segue o texto e a declamação da poetisa autora, do texto que Ana Carolina (cantora) levou pra os palcos.






Minha gente, já imaginaram que nestes todos de hostilização, de pressão, ameaças, processos judicias, eu tivesse me corrompido?
Quantas propostas recebi de aliança....
Lembro de uma aqui pelo blog mesmo que dizia assim: 
"[...]Uma casa para sua mãe e um tratamento para ela.





Lembro bem, quanto ódio eu senti. 
E logo minha mãe que já expulsou tantas equipes de tratamento de minha casa...
Pois bem, como no texto de Elisa.
Só de sacanagem, mais eu estudo, trabalho e fico mais honesta. 
Não há valor maior que a independência.
Isso eu lhes garanto.




Segue o texto na íntegra, para seu deleite.







Texto: Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!

Quantas vezes minha esperança será posta à prova?

Por quantas provas terá ela que passar?

Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, pra cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.

Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.

Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?

Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?

É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração tá no escuro.

A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
" - Não roubarás!"
" - Devolva o lápis do coleguinha!"
" - Esse apontador não é seu, minha filha!"




Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.



Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar.

 Só de sacanagem!

Dirão:
- Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.
E eu vou dizer:
- Não importa! 
Será esse o meu carnaval. 
Vou confiar mais e outra vez. 
Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. 
Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. 
Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.





Dirão:
" - É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal.

E eu direi:
- Não admito! Minha esperança é imortal!
E eu repito, ouviram?
IMORTAL!!!


Sei que não dá pra mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar pra mudar o final.





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"Veja bem, meu amigo, a consciência é um orgão vital e não um acessório, como as amígdalas e as adenóides."(Martin Amis)

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