A economia da cidade agradece o retorno de seus filhos e filhas.
A cidade não consegue manter a população que segue para outros lugares em busca de novas oportunidades de inserção.
Mas em julho, há uma revoada de mocajubenses que espalham-se por todas as comunidades, cantos, recantos, sítios, "centros" do município.
Incrível.
Pertencimento à cidade.
Afetividade.
Um sopro que garante fôlego aos comerciantes.
E, como o comércio é maior forma de geração de renda da cidade...
Todos os segmentos percebem o impacto.
A maior concentração de pessoas por conta das férias escolares alia-se a dinâmica da colheita do produto mais valorizado da produção agrícola de terra-firme: a pimenta-do-reino.
Colheira de Pimenta do Reino e seus apetrechos: o bisaco, o cavalo... Mocajuba (Pa) Foto: Rocco |
Meus vizinhos trazem pequenas quantidades e espalham à frente das casas em plásticos pretos
Quando a chuva arruma-se ao longe, ouço os gritos:
tira meu dinheeeeeeeeeeeeiro da chuva.
E a "Naza" diz: "Carmelita, é o dinheiro para eu ir para festa."
[...]
Uma graça.
Eu, estudiosa da cidade e de seus habitantes, guardo tudo como em um filme.
É sempre mais um retalho...
A pimenta-do-reino ainda é uma estratégia interessante de geração de renda para muitos, grandes, pequenos e médios e aquece a economia por estes tempos.
Contudo, a forma de gestão das propriedades, a dependência do mercado com a venda a atravessadores compromete o processo.
Como diz meu amigo Nelson Meirelhes : a pimenta-do-reino, antes, era coisa de poucos e em grandes quantidades. Hoje, a pimenta-do-reino é coisa de todos, em poucas quantidades. Não é mais coisa de rico.
A meu ver, a grande diferença, em relação a outras possibilidades, (i.e. dendê) é o acúmulo de saber sobre todo o processo, o aprendizado, neste meio século de implantação da cultura.
Com certeza algo, que qualquer Projeto Político precisa pensar seriamente.
A esperança é que tenhamos pela primeira tenhamos um Projeto Político que pense a cidade como um todo.
Bem.
Vida longa a pimenta-do-reino.
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