quarta-feira, 15 de maio de 2013

Mocajuba e seu poeta.... Ele dedicou o poema ao amigos, mas, no fundo, a homenagem é a cidade de Mocajuba

De toda forma, muito obrigada querido.
Virão...
Dias melhores virão [...]
edir - reproduçãofacebbok

com a fibra e o açúcar
na boca das mangas de mocajuba
encarnei um boto
honorato é meu nome de batismo
nas águas do tocantins
nado para alcançar a saia da força de tia tita
remo na aba do chapéu do som de mestre vivico. 





com o rosário de casas do arraial
em torno da minha negra memória
tornei-me um pé de mucajazeiro
no barranco da frente de mocajuba
sento para ver o camaleão do sol
tingir de cores no crepúsculo ilha água céu e nuvens
e cada gaivota leva no bico um brilho do rio.





com um bisaco a ferir os ombros
ao sol inclemente catei pimenta do teu reino
nos pimentais de mocajuba
pela madruga atravessei o luar
do campo tantas vezes que nem lembro
coberto com seu manto de estrelas
oh virgem da conceição, rogai por nós.





no porto antigo trapiche
de madeira minhas pernas
tremeram de frio em noite escura
atracaram de repetene todos os barcos
da saudade um leão de breve
do tempo da borracha e do cacau um jubileu
apitando a alegria chatinha partida pra belém.





com os foguetes a estourar na hora
da ave-maria as caixas de publicidade
dos postes despejam uma prece
oh nossa senhora das graças, rogai por nós
que somos iguais em desgraça
que somos leais ao que passa
deixando na gente suas marcas...





com os meninos da pranchinha
fui menino tomar banho no oxipucu
só entende de igarapé quem foi criança
e teve um conterrâneo, maia, ipixuma, subarro...
para inventar nos invernos saltos mortais
sujo da areia preta do poeirão e das ruas
brincando de pira com a pobreza da gente.




com caderno na mão e lápis
orgulhoso entrei no almirante barroso
com o brasão estampado no bolso da camisa
cantei todos os hinos à entrada em fileiras
estudei para alcançar a sala grande
com o balcão que dá pra rua e as grandes
castanholeiras fazendo sombra
aos vendedores de chopp pastel coxinha bom-bons...


com o sapinho cambaleei pelas ruas
bêbado cair na praça da caixa d'água
com os urubus vigiando do alto
uma tarde quente que demanda banho no rio
e quando à noite faltar luz
e à frente das casas as famílias da vizinhança
se reunirem para fofocar e contar histórias



eu voarei no assovio da matinta
sobre os telhados de mocajuba
sobre as grandes copas das mangueiras
e serei UM com todos os meus ancestrais do vizeu.



- para meu amigos de moca padre Sandro Santos, padre Raimundo Nonato Rodrigues Martins, para Jimmy Sousa, para Carlene Serrão, para Carmem SilvaCarmen Americo, para Edilson CostaJudith CarvalhoNil VasconcelosNelio Serrao... e quem mais viveu essa nossa moca querida... que o futuro nos traga melhores dias!!!



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"Veja bem, meu amigo, a consciência é um orgão vital e não um acessório, como as amígdalas e as adenóides."(Martin Amis)

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