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Ela confirmou-me que saia para vender *chopp e comia todos quando a venda não era boa.
O chopp era produção da Leonice Bacha e do Miguel Braga (Joana Braga). Trata-se de um expediente comum em cidades pequenas. Não sei bem como era em Mocajuba nessa época. Mas fuciona assim: algumas pessoas produzem os chopps e fornecem a vendedores, geralmente crianças e adolescentes, para revenda e lhes dão uma porcentagem da venda como pagamento. Os vendedores levam em um equipamento de isopor, chamado regionalmente de cuba.
Deixa contar direito a vocês.
Meus irmãos todos, a começar pelo Maurício Américo, seguido da Merize Américo, do Salomão Américo, até a Edna que hoje é comerciante no Rio de Janeiro, faziam vendas na infância e adolescência para ajudar na bóia. Não vendiam só chopp. Vendiam pastel, laranja, arroz doce...
Era muita gente e nenhum dinheiro. Eu não participava nessa época pois ainda não dava conta de carregar as tais "cubas de chopp". Eu era ***gita, gita...
Pois bem.
Há alguns tempo atrás, minha irmã Merize Américo (hoje professora da UFPA) passou na frente da mangueira que fica em frente do Banco do Brasil e lembrou da ocasião em que ela, depois de vender todo o chopp de sua cuba, achou a Edna (Maria) chorando com a dela vaziiiia. Eles saiam juntos para as vendas. E separavam-se para um não atrapalhar a venda do outro, encontrando-se no final.
Diante da cena, Merize com aquele seu jeito peculiar, espantou-se:
-O que foi que aconteceu?
E Edna, segundo a Merize, soluçando, dizia :
-Euu comiiiiiiiiiiiiiii o chopp.
Pois é.
Eu tinha achado que isso era estória da Merize.
Hoje eu lembrei disso e perguntei a Edna. Ela entre mil gargalhadas cerradas disse:
- IH !!! Eu cômi mermo.
Comi chopp desse pessoal todinho aí.
Gente,
Eu não aguentei.
E continuei.
- Mas e ai? Quem pagava?
Ela rindo ainda:
Ninguém. Comia, tava(sic) comido.
Não vendia, então eu comia tuuudinho.
Eles me pagavam muiito pouquinho.
Era melhor comer.
E ria.
O que eu acho mais engraçado é que segundo conta a Merize, ela comia e depois choraaaaaaava com medo das consequências.
Gente, já imaginaram a cena ?
Pois é.
Hoje ela está no Rio de Janeiro.
Rindo a tôa.
E eu idem.
*sucos ensacolados e congelados chamados de sacolé em outras regiões do país.
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