Ontem estive na casa de "Seu Celino",
Na Cidade Nova,
Ele abriu nossa conversa contando causos,
De meu pai e meu irmão primogênito Maurício Américo,
Sobre meu pai,
Lembrou que quando meu pai chegou em Mocajuba,
Com cinco filhos,
E apenas com a força de seus braços,
E foi trabalhar no Pimental do "Miguel Braga"
Viveu tempos muito duros,
Auge do economia da pimenta do reino, na Localidade de Olho D Água.
Antes de 1977,
Eu ainda não havia nascido,
pimentais ilustração |
Todos moravam em um grande barração ou alojamento coletivo,
Meu, hoje velho pai, construiu uma cabana de lona ou plástico, algo assim.
[...] Onde passou a morar com minha mãe e os filhos, visto que no barração moravam muitos homens e etc tal.
Pois bem,
A comida era escassa,
[...] e Celino era trabalhador do mesmo pimental,
Porém, deslocava-se todos os dias da sede municipal e levava a "bóia" de casa.
Levava a comida em uma "latinha".
Na hora do almoço sempre cedia um pouco do que levava a meus pais e irmãos.
Maneco, como minha mãe chamava meu irmão, era apenas um menino de 11 anos.
BóiaFria Ilustração |
Tempos depois,
Meu irmão Maurício Américo, o "Maneco".
[...] Que na ocasião "da latinha" era um menino dentre os meus irmãos.
Já funcionário dos Correios o ajudou grandemente.
Neste dia dos pais,
Quero não só homenagear meu velho pai
Que sustentou-nos com a força dos braços,
Em uma sociedade sempre muito desigual e opressora.
Segurou a fome do lado de fora da porta,
Com a própria força,
E com a solidariedade dos amigos,
Como Celino,
Que trabalhador como ele,
O olhou com uma visão de amor,
Meu velho pai,
81 anos,
Não lê blog,
Então gostaria de homenagear a todos os pais,
E lembrar a você, filho ou filha, do valor do cuidado incondicional que eles têm e sempre tiveram por nós.
E ao que muitos pais precisam submeter-se por seus filhos e sua família.
Um comentário:
Meu pai outrora homem altivo, festeiro, namorador e trabalhador admirado pelos seus contemporâneos. Como trabalhador braçal roçador de ruas da prefeitura ninguém conseguia "pilhar" ele. Quando fazia farinha sempre já tinha encomenda...era a melhor do local. Pescador incansável mesmo no inverno chuvoso saía pela madrugada pra ver o cacuri, armar camina ou, à noite, ia pro mato pra "espera"...pra nos livrar da fome e da miséria que rondava nossa humilde casa, principalmente na época do inverno quando a comida ficava "vasqueira". Hoje meu pai não mais fala...só às vzs responde com muita dificuldade...está com Alzhaimer. Doença cruel, pois sequer reconhece os filhos.Perde-se a identidade. Um irmão deprimido com o quadro disse que não mais queria ver o pai daquele jeito mais. Nós o convencemos a vir sim visitar papai.Hj Dia dos pais Lembrei-me de um texto: “TODO FILHO É PAI DA MORTE DE SEU PAI” ( Para refletir)
“Há uma quebra na história familiar onde as idades se acumulam e se sobrepõem e a ordem natural não tem sentido : é quando o filho (a) se torna pai de seu pai.
É quando o pai envelhece e começa a trotear como se estivesse dentro de uma névoa. Lento, devagar, impreciso.
É quando aquele pai que segurava com força nossa mão já não tem como se levantar sozinho. É quando aquele pai, outrora firme e intransponível, enfraquece de vez e demora o dobro da respiração para sair de seu lugar.
É quando aquele pai, que antigamente mandava e ordenava, hoje só suspira, só geme, só procura onde é a porta e onde é a janela – tudo é corredor, tudo é longe.
É quando aquele pai, antes disposto e trabalhador, fracassa ao tirar sua própria roupa e não lembrará de seus remédios.
E nós, como filhos, não faremos outra coisa senão trocar de papel e aceitar que somos responsáveis por aquela vida. Aquela vida que nos gerou depende de nossa vida para morrer em paz.
TODO FILHO É PAI DA MORTE DE SEU PAI!
Ou, quem sabe, a velhice do pai e da mãe seja curiosamente nossa última gravidez. Nosso último ensinamento. Fase para devolver os cuidados que nos foram confiados ao longo de décadas, de retribuir o amor com a amizade da escolta.
feliz da filha que é mãe do seu pai antes da morte , e triste do filho que aparece somente no enterro e não se despede um pouco por dia.
Um amigo meu acompanhou o pai até seus derradeiros minutos.
No hospital, a enfermeira fazia a manobra da cama para a maca, buscando repor os lençóis, quando esse amigo gritou de sua cadeira: deixa que eu ajudo!
Reuniu suas forças e pegou pela primeira vez seu pai no colo.
Colocou o rosto de seu pai contra seu peito.
Ajeitou em seus ombros o pai consumido pelo câncer : pequeno, enrugado, frágil, tremendo.
Ficou segurando um bom tempo, um tempo equivalente à sua infância , um tempo equivalente à sua adolescência, um bom tempo, um tempo interminável.
Embalou o pai de um lado para o outro.
Aninhou o pai.
Acalmou o pai.
E apenas dizia, sussurrando: Estou aqui, estou aqui pai!
O que um pai quer apenas ouvir no fim de sua vida é que seu filho está ali.” (Fabrício Carpinejar)
(DOMINGOS ONÇA)
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